Quinta-feira, 29 de Abril de 2004
É Maio negro
Maio escuro!
Maio de dor,
de lutas, de vidas,
batalhas de rua,
gritos de raiva,
gritos de fome,
Maio de morte!
Maio de gentes
cansadas de negro,
de rancor e sem
pão de comer.
É Maio sêco
Maio quente!
Maio de sangue.
Cabeças abertas,
mãos,braços e pernas,
de lutas sofridas,
de vitórias choradas.
É Maio negro
Maio escuro!
Maio de dor,
É Maio do Trabalhador!
autor: Jorge Assunção
2004/04/29
in Tou no Top
Quarta-feira, 28 de Abril de 2004
(autor: Jim Warren - acrílico - vista parcial )
Espera!
Não partas ainda
Quero beijar-te
Uma vez mais.
Espera!
Quero ver
O teu olhar.
Quero ver tuas
Lágrimas rolarem
Quero ver saudade
Em teu rosto.
Espera!
Não partas ainda
Sem mim
Leva -me contigo.
Espera!
autor: Jorge Assunção
2004/04/27
in Tou no TOP
Terça-feira, 27 de Abril de 2004
Hoje vi-te rosa!
Salpicada de prata
cintilante,
resplandescias,
toda tu eras aroma,
toda tu eras frescura.
Hoje vi-te rosa!
Reflexos de ti,
quis colher-te,
tomar-te
em minhas mãos,
beijar-te.
Hoje vi-te rosa!
Quis desnudar-te,
soltar tuas
pétalas uma a uma
e possuir-te
assim desnuda.
Hoje vi-te rosa!
autor: Jorge Assunção
2004/04/27
in Tou no Top
Segunda-feira, 26 de Abril de 2004
Nota: Este poema foi-me oferecido
pela minha/vossa amiga, Encandescente.
Um grande beijinho para ela.
Jorge ( Bond ) Assunção
Queres desbunda, desbunda!
Enche de palavras de maldizer
Os espaços.
Aproveita e corta os laços.
As amarras do correcto social.
Manda p'ro caraças as convenções
Os ditames moralistas.
O que é esperado, aceitável
E diz aqui o que não esperam.
Pega o boi p'los cornos
E desbunda!
Diz mal da merda que nos rodeia,
Que nos amarra e prende na teia.
Dos que gostam só do que é suave,
Para não terem de pensar.
Viva a desbunda completa
Solta o verso e a palavra
E manda tudo lixar!
Encandescente
29/03/2004
Sábado, 24 de Abril de 2004
Nota: Este artigo foi gentilmente cedido,
pela minha amiga, Andréa Motta.
Um grande beijinho para ela.
Máscaras
.
.
.
Tempo de regressivas memórias e futuras anamnésias,
olhos em movimentos descoordenados
vácuo entre o visível e o invisível nos indivíduos
afetos desencontrados,
como figuras disfarçadas.
.
.
Sonhos-realidade
Máscaras a ocultar na linguagem as aparências
de valores individualistas.
Identidades veladas,
paralisadas
ainda acenam o esplendor do Ser humano.
.
.
Homens em figurativas verdades absolutas
personificam máscaras de obstáculos nefastos,
em movimentos de melancólica nostalgia,
esforçam-se na revelação de enunciados ambigüos
e sensações oprimidas.
.
.
Resistência configurada na incoerência dos sujeitos.
.
.
Andréa Motta
26/07/03
Sexta-feira, 23 de Abril de 2004
( foto de: Jean-Marie Nègre )
Podridão...
Crepúsculo
dos que nada fazem,
nem procuram o saber.
Podridão...
Não é a vós
que me dirijo,
não é a vós,
que eu procuro.
Podridão...
É a mim que busco!
O meu saber,
dono do eu, Ser.
Nunca me incomodei,
com o que pensam,
os outros... embora,
eles se incomodem,
sempre com o que
penso, digo,
ou como o escrevo!
Podridão...
Razão de ser...
dos néscios,
dos fúteis e
... imbecis!
Que o são no estar
e no fazer.
Podridão...
Crepúsculo
dos não amantes
dos não viventes!
Jorge Assunção
2004 / 04 / 23
in Tou no Top
Quinta-feira, 22 de Abril de 2004
( foto de: Miguel Quesada )
Que quero eu?
Depois de todos
os quadros que pintei,
é a ti que quero!
Que quero eu?
Depois de todas
as canções que compus,
é a tua alegria!
Que quero eu?
Depois de todas
as palavras que escrevi,
é o teu amor!
Que quero eu?
És tudo afinal,
o que quero da vida!
Jorge Assunção
Terça-feira, 20 de Abril de 2004
( foto de: Katia Krafft )
Sou magma fervente,
lava encandescente,
sou homem, sou alma,
sou magma corrente,
sou alma desta gente.
Sou magma fervente,
pedra derretida,
rodo, rebolo,
torço, retorço,
moldo, remoldo,
ganho formas,
disformo de novo,
ganho formas sombrias,
revolvo-me,
embrulho-me.
Sou magma fervente,
lava encandescente,
sou homem, sou gente,
sou alma corrente!
Jorge Assunção
É, estou cansado.
Sem imaginação
sem ideias.
Escorrem-me
palavras soltas
tento apanhá-las
e nada, não consigo.
Escorrem-me entre
os dedos, entre a língua
e nada, nada mesmo.
Por aqui não me safo.
Sinto confusão, desilusão.
Escorrem-me as palavras.
Quero dizer algo mais,
mas não me lembro,
fiquei esquecido,
esqueci-me,
das palavras,
de as colar,
de as aglomerar,
colocar as mesmas
de forma ordenada.
Escorrem-me as palavras.
Por aqui nada de novo!
Jorge Assunção
Segunda-feira, 19 de Abril de 2004
Olá,
enfim cheguei,
Hoje foi demais,
Beijas-me,
afagas-me o cabelo,
calas-me as palavras
com silêncio,
com beijos,
queres possuir
minha mente,
meu olhar,
minha atenção.
Erradias
alegria e paixão.
Queres estar
dentro de mim,
arder, amar-me
aqui e agora,
deitar-me no chão
e explodires
em caricias,
tomar-me,
tomar-te.
Queres ser eu,
ver o meu outro.
Queres esquecer-me,
por instantes.
Amar-me, foi o limite.
Jorge Assunção
Postado inicialmente em Shrine of Hypnos
Sábado, 17 de Abril de 2004
Caminhei errante
sobre calçadas
desnudas de gente.
Escutei sobre o silêncio
de meu pensamento,
este som que me aturdiu
de rompante.
Calara-se a noite
para me ouvir pensar
e abriram-se as vielas
para me ver passar.
Continuei vagueando
em histórias
perdidas no tempo,
como se o vazio
do espaço quisesse encontrar.
Errante escutava
esta calçada
pejada de rumores
para sempre calados,
de saberes e de graças boas
ou mal aventuradas ,
das gentes que outrora
a caminharam.
Calara-se a noite
para me ouvir pensar e
abriram-se as vielas
para me ver passar.
Errante segui meus passos na noite,
sobre esta calçada viva.
Sobre estas pedras
que eram a minha própria vida.
autor: Jorge Assunção
Postado inicialmente em Shrine of Hypnos
Sexta-feira, 16 de Abril de 2004
( foto de: Jean-Pierre Mathey )
Serves-te
não em bandeja
não sobre uma qualquer
salva de prata.
Serves-te
envolta em grades
reclusa de mim.
Serves-te
assim nua
pronta a servir-me.
Serves-te
assim sem
recusa
servindo-te
de mim.
Serves-te
possuindo-me
para te libertares
de ti,
Reclusa.
Jorge Assunção
Quinta-feira, 15 de Abril de 2004
( foto de: Claude Gouron )
Ao chegar
era assim que te via,
no meu íntimo,
no meu olhar,
na minha carne,
no meu desejo.
Suave, serena,
envolta em véus
de mistério e sedução,
escondida e solta
nas redes, com que
haverias de enredar
o meu desejo de
te ter, de roubar beijos
e carícias, descobrir-me
envolto em teus véus,
de amor e prazer,
de me quereres,
possuíres,
tecendo a tua rede,
sem parar até há exaustão.
Pescadora de mim!
Jorge Assunção
Quarta-feira, 14 de Abril de 2004
Entrelaçados,
caminhamos incógnitos,
lado a lado,
solitários.
Cruzamos olhares,
imaginamos o outro,
despimos, vestimos,
solitários sem
retorno, caminhamos
lado a lado.
Solitários,
entrelaçados incógnitos,
no mesmo sentido,
sem sentir a sua
presença,
cruzamos olhares.
Adeus.
Entrelaçados,
continuamos solitários,
lado a lado
caminhamos incógnitos.
Um último olhar,
um último adeus.
Parámos lado a lado,
cruzámos olhares,
olá, dissemos desta vez,
entrelaçados,
caminhamos de lado a lado,
de mãos dadas.
Entrelaçados,
continuamos,
já não incógnitos,
já não solitários.
autor: Jorge Assunção
Postado inicialmente in Shrine of Hypnos
Terça-feira, 13 de Abril de 2004
Amar as palavras
não é despegá-las,
é colocar serenamente
as letras,
que nos saem da ideia
e da memória
é pegar nelas
e colá-las.
É sentir,
explodir sentimentos
É sentir,
soltar-se em sedimentos,
é pegar em elas
e lavá-las
até puras e alvas ficarem,
e quando frutos brotarem
colhê-las e servi-las
cobertas de néctar.
Deliciar tão doce manjar
só alguns de todos
serão eleitos,
porque apenas esses,
poderão Amar as Palavras!
autor: Jorge Assunção
Postado inicialmente em Shrine of Hypnos
Domingo, 11 de Abril de 2004
Neste encontro tardio
não em tempo,
mas em espaço.
Olhei-te demorado,
demorei saudades de ti,
perdi-me em teus olhos,
encontrando-me
descoberto de novo
em ti.
Perdidamente enlouqueci,
queria ficar, demorar-me
esquecer-me no infinito,
navegar no rosto,
descobrir outro eu
dentro de ti,
recordações
de um passado
ainda recente.
Revivi memórias
ainda curtas, em ti,
demoradamente
revivi, lembrei-me
de ambos, aqui,
neste olhar,
neste encontro tardio.
Jorge Assunção
Sábado, 10 de Abril de 2004
Entornei palavras de amor,
soltei-as, e livres escorreram
sobre as tuas curvas,
sobre teus olhos,
teus lábios com elas toquei,
teus seios acariciei,
teu corpo retraiu.
Soltei mais ainda,
palavras livres,
beijando teu corpo desceram,
arqueaste ainda mais,
sentiste livres percorrendo,
beijaram as tuas cochas,
entraste em sufoco,
pedias mais palavras,
querias mais e mais.
Entornei palavras soltas
em ti,
amámo-nos em palavras,
ficámos mudos,
escutando unidos.
Amei-te, em palavras de amor.
Jorge Assunção
Quarta-feira, 7 de Abril de 2004
autor: João Pereira - Óleo sobre contraplacado 20x21
Em 1998, este meu grande amigo e pintor,
ofereceu-me este Cristo.
Hoje quero partilhá-lo com todos Vós.
Feliz Páscoa.
Terça-feira, 6 de Abril de 2004
autor: Jorge Assunção
Segunda-feira, 5 de Abril de 2004
autor: Jorge Assunção